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julho 19, 2020

Será que devemos mudar o conceito de reserva de emergência de 6 meses após viver a pandemia?

Fala galera da Finansfera!!!

reserva de emergência


A pandemia já nos assola há quase 5 meses completos. Apesar de termos demorado um pouco para tomar as medidas, talvez muito por conta do nosso carnaval que ninguém queria perder, ela já estava fazendo vítimas em fevereiro. Neste período vivemos várias ondas. A onda do fique em casa, a onda da máscara, onda da cloroquina, onda das fake news, onda dos políticos roubando na nossa cara enquanto pessoas morrem e muito mais.

Mas o que quero comentar não é sobre algumas dessas polêmicas (o que renderiam bons debates) e sim sobre o conceito de reserva de emergência. Será que devemos mudar o conceito de reserva de emergência de 6 meses dos gastos? A pandemia demonstrou fraqueza da tese de que devemos ter 6 meses de emergência? 

Conceito de Reserva de emergência 


Você deve conhecer bem este conceito, não é verdade? Caso não conheça, vou explicar em breves palavras. Aqui no meio da Finansfera, a reserva de emergência significa você ter guardado de modo que possa utilizar de imediato, até 6 meses dos seus gastos totais. Ou seja, caso você gaste por mês 5 mil reais, precisará ter 30 mil reais em liquidez. 

Quando falamos em liquidez dizemos em D+2 no máximo. Não pode ser aquele dinheiro que está investido em ações nem em renda fixa com prazo de 2 anos. Este dinheiro tem que ser de saque rápido para você pagar suas contas e não mudar nada no padrão de vida. Muitas pessoas deixam em TD Selic ou então em conta remunerada atrasada ao CDI.

O ideal é que antes de investir, você prepare sua reserva de emergência, o que por muitas das vezes pode ser demorado. Quando começamos a estudar investimentos queremos logo por a mão na massa e sobre isso, falarei um pouco mais a frente.

Após 4 meses de pandemia, você considera que uma reserva de emergência de 6 meses, para pessoa física, é suficiente?




Eu fiz essa pergunta no Twitter e no Instagram e obtive várias respostas. Uns comentaram que mantém 6 meses. Outros disseram que devemos aumentar para 12 meses. Alguns arriscaram 24 meses e teve até quem defendesse ter 3 anos de gastos em reserva.

As opiniões divergem bastante e as justificativas também. A maioria disse que a pandemia veio pra mostrar que 6 meses é muito pouco e por isso deveríamos aumentar para 12 meses no mínimo. Mas será que realmente precisamos mudar o conceito de 6 meses de gastos em reserva de emergência?



O conceito de 6 meses de gastos como reserva de emergência continua o mesmo

Sim, o conceito de 6 meses de gastos como reserva de emergência continua o mesmo e explico porquê. Não é por causa da pandemia que vamos mudar o conceito. Pandemias são sazonais e acontecem em períodos longos. Ok, ok, não há um estudo comprovando isso mas se pegarmos na história, não temos pandemias nesses níveis constantemente.

Mas na verdade este não é o melhor argumento. Quando digo que o conceito não mudou é porque ter 6 meses de gastos em reserva de emergência é sim suficiente. O problema é que muitas pessoas ficaram com medo do que estamos vivendo, muitas desempregadas e resolveram mudar esse conceito mas devo lembrar que ainda não temos 6 meses de pandemia por aqui.

Você já parou pra pensar que em 6 meses você pode ter várias alternativas à um desemprego? Digamos que você fique desempregado hoje. Em 6 meses você pode:
  • arrumar outro emprego (mesmo que seja pagando menos);
  • criar um negócio seu (fazendo algo que sabe bem como dar aulas, bolos, pequenos reparos e etc.);
  • receber o auxílio desemprego (pode não ser suficiente para cobrir seus gastos mas já é uma ajuda);
  • trabalhar de Uber; e 
  • ir desmontando pequenas posições caso seja necessário.

Algumas pessoas entendem o conceito de reserva de emergência de 6 meses pouco porque imaginam que vão ficar 6 meses na inércia só consumindo a reserva e sem produzir nem um real. Não é pra isso que a reserva de emergência existe. Ela existe para cobrir despesas enquanto você está buscando algo. Mesmo com a pandemia, você ainda não teria consumido toda a sua reserva.

Se você tem dinheiro investido além da reserva de emergência, em último caso você ainda pode por em prática a última opção. Imagine que você esteja no quarto mês só consumindo a reserva de emergência e acha que vai continuar assim. Você pode ir lentamente desmontando algumas posições mais lucrativas para cobrir o 7º, 8º, 9º meses e assim sucessivamente.

Além do que já foi dito, precisamos ainda, verificar o ramo em que atuamos. Alguns setores são facilmente repostos no mercado de trabalho. Outras pessoas são funcinários público, tanto estadual quanto federal (apesar de o estadual ter atrasado salário). Ainda existem o militares das forças armadas que, por terem salário garantido, assim como os servidores federais, pode até reduzir a reserva de emergência se tiver muita disciplina.

É por isso que digo que o conceito de reserva de emergência com 6 meses dos gastos, é suficiente. Tenham em mente que não é para ficar consumindo a reserva sem pensar em alguma alternativa para gerar renda. E mesmo para aqueles que falam que a reserva de emergência deve ser aumentada, já calculou quanto tempo precisa para montar uma reserva?

Quanto tempo levo para criar uma reserva de emergência?

Você já calculou isso? Digamos que você tenha despesas no valor de 5 mil reais. Para facilitar os cálculos, digamos que você tenha um salário líquido de R$ 5.500,00. Neste caso, sua capacidade de aporte é de 10%, o que já é considerado muito bom. A sua reserva de emergência deve ser de R$ 30.000,00 para cobrir os 6 meses de gastos. 

Com essa capacidade de aporte você levaria 60 meses para montar sua reserva de emergência, ou seja, 5 anos juntando dinheiro e só depois disso pensar em investir. Será que você fez isso? Se você consegue economizar mais de 10%, ótimo! Vai diminuir de 60 meses para uns 30 talvez, o que ainda assim é bastante tempo.

Agora vamos pensar naqueles que falaram que a reserva de emergência deve ser de 24 meses. Neste caso a reserva de emergência seria de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais). Como a capacidade de aporte é de R$ 500,00 por mês, levaríamos 240 meses para chegar no valor. Lembrando que 240 meses é o equivalente a 20 anos. Já imaginou juntar 20 anos para depois começar a investir? Tá bom, tá bom, sua capacidade de aporte é de 20% ao mês então agora você leva 10 anos.

Percebem que se não interpretarmos o conceito corretamente e mudarmos o prazo da reserva de emergência podemos inviabilizar os investimentos? Ou então não vamos seguir a cartilha de primeiro criar uma reserva para depois começar a investir. Neste caso é mais fácil focar no conceito de 6 meses e trabalhar com as opções dada acima. Isso tudo sem contar as oportunidades de investimento nesses 20 anos.

Sobre pessoa jurídica não vou comentar porque realmente entram outras variáveis na equação. Existe a possibilidade de crédito fácil e barato dependendo do ramo e como o negócio pode se recuperar rapidamente, pode ser melhor. Essa do crédito é apenas uma variável, como disse, existem várias.


Considerações finais 

O conceito de reserva de emergência continua o mesmo de 6 meses de gastos totais. O conceito não muda por causa de uma acontecimento, na verdade ele existe exatamente para esses momentos. Mudar o conceito de 6 meses para 12 ou até 24 meses, faz você jogar todos os estudos anteriores fora e ainda levar um tempo muito grande para criar sua reserva a ponto de te impedir de investir por até 20 anos.

Sendo assim, reveja seu conceito de reserva de emergência, reveja suas contas, se tiver desempregado, procure como ter uma renda alternativa e bola pra frente. Não aumente o tempo de reserva de emergência porque você estará se sabotando.

E ai? Te convenci? Você achar que 6 meses tá bom ou devemos mudar o conceito mesmo? Deixe sua opinião nos comentários abaixo.

Forte abraço a todos!


14 comentários:

  1. Eu acho que seis meses é um prazo adequado, porém acho importante levar em conta as variáveis que você mencionou no texto.

    Eu gosto de trabalhar o conceito do tempo para a minha reserva de emergência com a resposta as seguintes perguntas:

    1. Se eu perdesse o emprego hoje, quanto tempo em média eu acredito que levaria para arranjar um novo emprego?
    2. Se eu perdesse o emprego hoje, a recolocação no mercado demandaria em média quanto $$ para ser viabilizada?
    3. Se eu ficasse doente hoje, em qual cenário eu precisaria usar meus recursos da reserva de emergência para gastos de saúde? Qual a probabilidade desse cenário acontecer?
    4. O seguro-desemprego ou auxílio doença são capazes de garantir quantos % dos meus gastos mensais?

    Reflito sobre essas questões e então decido minha estratégia de reserva. No meu caso como sou funcionário da iniciativa privada, acredito que é difícil trabalhar com menos de 6 meses como cenário-base.

    Abraços,
    Pi.

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    1. Muito bom PI. Essas perguntas são ótimas mas veja, você acha que respondendo elas, elevaria de 6 meses para 24 meses? Eu acho que não, por isso digo que o conceito ainda tá válido. A questão de aumentar ou não o prazo, independe da pandemia é sim das respostas às perguntas que você mencionou.

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  2. Acho que 6 meses um período mais que adequado. Parabéns pela postagem, muito boa !!!

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  3. Acho que esse número é algo pessoa, no meu caso é 4 meses e eu ainda tenho esses 4 meses guardados, claro que é pq sou concursado e não tenho o "risco" de perde o emprego. Mas tudo vai do perfil de risco da pessoa e do conforto financeiro do mesmo, se eu perde meu emprego eu consigo reduzir meus custos pela metade, sou ciente disso. Além do mais, a pandemia é algo totalmente na contra mão do usual, tem que levar isso pra conta.

    Abçs

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    1. Isso aí Escola, para quem é funcionário público, fica ainda mais tranquilo fazer uma reserva. O fato é que não precisamos aumentar o prazo por conta das dificuldades que estamos passando. O conceito de 6 meses ainda se aplica.

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  4. Com a pandemia principalmente com a queda em março, quando caiu tudo, titulos, ações, fundos, etc, mudei meu conceito de reserva e de investimentos, enquanto a situação não normalizar de vez, todas aplicações estão em ativos com liquidez de no máximo 3 dias, a fim de permitir se contrapor à qualquer eventualidade: seja desemprego, oportunidades ou mesmo um novo crash. Só vou me tranquilizar em dezembro, se for possível.

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    1. Anonimo ainda tem isso que você comentou. Para quem faz aportes mensais, se chegar a uma situação como a de agora, basta parar de fazer aportes e deixar o caixa em liquidez, assim, caso seja necessário, não precisará desmontar nenhuma posição porque aumentou a reserva durante a pandemia.

      As vezes as pessoas assumem que já em março teria ficado desempregada mas isso pode acontecer em junho ou julho então, ainda tem um tempo pra se preparar melhor entre março e junho.

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  5. Reserva de emergência é para eventos normais; crises generalizadas, pandemias são eventos atípicos, não vejo funcionalidade em criar uma reserva de 24 meses para eventos raros, além da confusão entre reserva de emergência e independência financeira, a primeira é para impedir, por exemplo, que precise recorrer a pedidos de crédito (empréstimo), enquanto a segunda visa manter-se por períodos vivendo apenas do valor acumulado.

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  6. Acho que 6 meses seria apenas pra funcionário público ou aposentado, mesmo se der tudo errado iriam ligar as impressoras loucamente. 12 meses pra registrado é bom. Eu sou autônomo e mantenho 18 meses.

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    1. E quanto tempo levou para acumular os 18 meses? Alguns autônomos tem renda bem variável né, é seu caso? De um mês ganhar muito e no outro quase nada?

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  7. Concordo, reserva são 6 meses, gostei muito da sua linha de pensamento, e concordo em tudo, para mim já é dificil fazer uma reserva de 06 meses, imagina de 24 meses rs
    Obrigada por dividir conosco

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    1. Legal Alexssandra, obrigado pelo seu feedback. Realmente fazer uma reserva de 24 meses ....

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